Jorge Nuno Pinto da Costa foi uma das figuras mais marcantes do futebol português e europeu. Durante os seus 42 anos à frente do FC Porto, transformou o clube numa potência nacional e internacional, conquistando dezenas de títulos e colocando os "dragões" na elite do futebol. No entanto, o seu legado não se resume apenas ao sucesso desportivo. A sua presidência foi também marcada por polémicas, suspeitas de corrupção, manipulação de árbitros e uma relação controversa com claques organizadas.
Este artigo analisa o lado obscuro da liderança de Pinto da Costa, explorando os escândalos, investigações e acusações que acompanharam a sua longa trajetória.
O caso mais emblemático associado a Pinto da Costa foi a operação Apito Dourado, uma investigação lançada em 2004 sobre um esquema de corrupção no futebol português.
Segundo as investigações, dirigentes de vários clubes, incluindo o FC Porto, influenciavam a nomeação e a atuação de árbitros através de:
Em escutas telefónicas divulgadas pela comunicação social, Pinto da Costa foi apanhado a falar com árbitros e empresários sobre nomeações favoráveis ao FC Porto.
Apesar das evidências, o processo terminou sem grandes consequências para Pinto da Costa. Em 2008, foi condenado pela justiça desportiva a dois anos de suspensão, mas essa decisão foi anulada em tribunal. A justiça civil arquivou a maioria dos casos por insuficiência de provas ou questões processuais, e Pinto da Costa saiu ileso.
Mesmo sem condenações, a influência de Pinto da Costa sobre a arbitragem portuguesa foi uma constante suspeita ao longo dos anos. Diversos árbitros, dirigentes e comentadores apontaram para o seu controlo sobre os bastidores do futebol, através de:
Outro tema polémico foi a relação entre Pinto da Costa e a claque Super Dragões. Durante décadas, a claque teve um papel preponderante no apoio ao FC Porto, mas também foi associada a vários atos de violência e intimidação.
Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, foi detido em 2024 no âmbito da Operação Pretoriano, uma investigação que envolveu atos de coação e agressões. O Ministério Público investiga um alegado "pacto secreto" entre Pinto da Costa e Madureira para financiar a claque em troca de apoio e controlo sobre o clube.
Apesar do domínio desportivo, a gestão financeira de Pinto da Costa foi desastrosa. Quando deixou a presidência do FC Porto em 2024, os relatórios financeiros revelaram um cenário preocupante:
A nova direção, liderada por André Villas-Boas, herdou um clube à beira da falência, apesar de Pinto da Costa sempre ter garantido que a situação financeira era estável.
Olhando para os 42 anos de presidência de Pinto da Costa, há dois lados do seu legado:
No fim, Pinto da Costa foi uma figura que marcou a história do futebol português, mas também deixou um rasto de suspeitas e práticas controversas que ainda hoje afetam o desporto em Portugal.
A grande questão que fica é: será que algum dia a justiça portuguesa terá coragem e independência suficientes para verdadeiramente enfrentar a corrupção no futebol? Ou continuará a ser um jogo onde os poderosos escapam sempre impunes?