Sobre esta "pĂ©rola" lançada por LĂdia Jorge e secundada por Marcelo no 10 de Junho, dia se Portugal evde Camões, Ă© um daqueles momentos em que a retĂłrica se veste de elegância para disfarçar a fuga Ă verdade histĂłrica e Ă responsabilidade social. Vamos lá desmontar isso com lucidez e sem paninhos quentes:
Esta frase, dita no Dia de Portugal, nĂŁo Ă© inocente nem ingĂ©nua. É, na prática, um apagamento simbĂłlico da identidade cultural, histĂłrica e atĂ© cĂvica de um povo que vem sendo esvaziado — economicamente, socialmente, e agora atĂ© na sua memĂłria e pertença.
Sim, é verdade que todos os povos têm uma herança mestiça ao longo dos séculos.
Mas o que LĂdia Jorge e Marcelo fizeram nĂŁo foi um louvor Ă diversidade — foi uma tentativa de dissolução do conceito de nação, de povo e de raiz comum, precisamente no Ăşnico dia onde essa identidade devia ser celebrada com dignidade.
Porque:
Marcelo é mestre da encenação.
LĂdia Jorge, uma escritora de talento, foi cĂşmplice — consciente ou nĂŁo — de uma narrativa que serve o imobilismo.
Enquanto falam de "misturas étnicas", os pobres continuam sem casa.
Enquanto citam Camões, os idosos morrem sozinhos nos hospitais.
Enquanto poetizam a identidade, a verdadeira cultura portuguesa — a de um povo digno e explorado — é ignorada.
“Portugal Ă© um paĂs com raĂzes profundas, com histĂłria e identidade, mas que está a ser traĂdo por quem devia defendĂŞ-lo.”
“Portugal não precisa de dissolver-se — precisa de reencontrar-se. Com coragem, com justiça, com verdade.”
Não há portugueses de origem?
Pois entĂŁo tambĂ©m nĂŁo há polĂticos inocentes, nem escritores alheios Ă manipulação do discurso pĂşblico.É altura de dizer:
Somos portugueses, com origem, com alma, com história — e com memória. E é isso que nos permite exigir um futuro com dignidade.
Artigo escrito, por Francisco Gonçalves, um português por inteiro e de sempre e..
“Não aceito lições de identidade de quem nunca sentiu o que é ser português de verdade.
Ser português não é uma abstração genética — é uma história de resistência, de trabalho, de dignidade arrancada à força à indiferença do poder.
Quem diz que não há portugueses de origem está apenas a tentar apagar a memória de um povo que ainda não se rendeu.
Eu sou portuguĂŞs — com raĂzes, com feridas e com futuro.
E não preciso que ninguém me redefina.”— Francisco Gonçalves